Recebi este texto da professora Denise do Grupo OT
e é bem interessante para compartilhar, visto que há
poucas pesquisas sobre a participação das mídias na
vida da juventude atual.Os sites que ela indica,
ainda não pude acessar.
Em tempo, os riscos existem sim e cabe a
pais e educadores orientar, pois só por que o
jovem sabe navegar,não significa que ele saiba dos
perigos que também estão expostos, no ambiente on-line
.Se você pai, não tem educação tecnológica,
procure ler e se informar, para melhor dialogar com seus filhos.
Jornal:Le Monde -Paris- Tradução: Ana Elisa Prates
De onde quer que se olhe, quando se fala da relação
da juventude com a Internet e redes sociais, todo mundo menciona primeiro os
riscos, os perigos e as ameaças que pesam sobre eles. Perigos que muitas vezes
justificam todos os excessos de segurança... No entanto, os pesquisadores
denunciam amplamente esta inversão, a tentação ansiosa de hipercontrole que
definitivamente não vai ajudar nem os pais nem os jovens a abordar e
compreender as formas das novas sociabilidades que se desenvolvem online.
Depois de observar um problema prático e recente, o
retorno do estudo de fundo sobre a relação da juventude com a Internet
Em 2008, a Fundação MacArthur entregou os resultados
de um imponente estudo qualitativo sobre a prática de novas mídias pelos
jovens. Este projeto de pesquisa sobre a juventude digital reuniu em três anos
mais de 28 pesquisadores interessados sobre as práticas de mais de 800 jovens.
Segundo as conclusões do estudo Vivendo e aprendendo com as novas mídias,
o tempo que os adolescentes e adultos jovens passam online, trocando mensagens
instantâneas ou MySpace não é uma perda de tempo, mas permite que eles cresçam,
amadureçam.
"Ao passar o tempo online, os jovens a adquirem um ‘savoir faire’ ou
habilidades sociais e técnicas necessárias à sua participação na sociedade
contemporânea", disse ao New York Times a socióloga Mizuko Ito, que
liderou o estudo. "Eles aprendem a conviver com outras pessoas, gerenciar
sua identidade pública, criar páginas web". Para Mizuko Ito os perigos da
Internet são superestimados: "Há muita confusão sobre o que os jovens
estão fazendo online. Na maioria das vezes, eles socializam com seus amigos ou
com outros jovens que se conheceram na escola, nas férias ou no esporte".
Tipologia de práticas de jovens
Entrevistados longamente (segunda e terceira parte) com outros autores do
estudo sobre o blog de Henry Jenkins (ex-diretor do programa de estudos
comparativos de mídia do MIT), Mimi Ito, explica que a principal contribuição
do estudo foi compreender como os diferentes tipos de práticas estão ligados
uns aos outros. "O que distingue as práticas midiáticas dos jovens repousa
na diferença entre o que chamamos de práticas conduzidas pela amizade e
práticas organizadas em torno de interesses. A participação centrada na amizade
é o que corresponde para maioria dos jovens quando estão online: passar tempo
com amigos, se divertir, paquerar e se comparar através de sites sociais como
MySpace ou Facebook. A participação baseada em interesses refere-se às práticas
mais ou tecnófilas ou mais criativas, onde os jovens se conectam online com
outras pessoas em torno de interesses e paixões compartilhados tais como os
jogos ou a produção criativa".
Além dessas participações baseada na amizade ou centrada em interesses, “também
identificamos três tipos de participação e de aprendizagem", disse Haether
Horst, uma antropóloga da Universidade da Califórnia:
§ Hanging out (passar um bom tempo juntos), usando ferramentas como
mensagens instantâneas, o Facebook ou o MySpace para encontrar e conversar com
amigos;
§ Messing out (surfar) buscar informações, mexer com meios
experimentais ou navegar ao acaso;
§ Geeking out (nerdice), ou mergulhar profundamente em uma área de
interesse ou de conhecimento especializado.
"O que é importante sobre esta tipologia é que ela não é para classificar
os jovens como tendo uma identidade única ou um conjunto de atividades bem
definidas. Mas claramente identificar maneiras diferentes com que eles podem
participar da cultura midiática. (...) A diversidade das práticas reflete as
diferentes motivações, níveis de compromisso intensidade no uso dessas novas
mídias", disse Mimi Ito. Os jovens usam mensagens instantâneas e celulares
para se coordenar com seus amigos, bem como as capacidades técnicas avançadas
de baixar filmes ou ainda, achar tutoriais para aprender a “hackear” o seu
computador.
O estudo insiste no fato de que os jovens usam a Internet para se socializar
entre eles. Como diz a pesquisadora Danah Boyd, "ele é essencial para que
os adultos percebam que estes sites funcionam essencialmente para reforçar as
conexões pré-existentes, usando a tecnologia como meio de mediação. A
mobilidade dos jovens é severamente restrita, e as tecnologias são um meio para
eles sair do âmbito da escola. Os sites de redes sociais tornaram-se os meios
para ampliar seu espaço. O fato de que eles podem ser utilizados pelos jovens
para se conectar com as pessoas que não conhecem não significa que eles o
façam. Centrando-se sobre os riscos, os adultos perderam o contato com os
benefícios que esses sites oferecem aos jovens".
De fato, acrescentou Christo Sims, um estudante da Escola de Informação de
Berkeley, a maioria das práticas observadas mostra que os jovens usam sites de
redes sociais para complementar as suas relações sociais off-line ao invés de
fazer novos amigos do outro lado do mundo. "Dito isto, é claro, houve
casos em que os jovens desenvolveram relacionamentos online que se estendia
para além da escola, seu bairro ou seus grupos de atividade. Os jovens mais
marginalizados (como homossexuais, minorias étnicas ou imigrantes) dentro de
seus universos locais e sociais estão muitas vezes on-line procurando amizade
ou intimidade”. As práticas com foco em áreas de interesse ocorrem mais
frequentemente interações com as pessoas além de sua região ou de grupos
sociais a que os jovens pertencem. "Quando, nesses casos, as amizades se
desenvolvem, assemelham-se as relações entre correspondentes, partilham as
idéias sobre como é a vida em suas respectivas cidades, discutindo os desafios
e problemas de ser adolescente". As interações parecem mais como uma
auto-exploração ou um jogo sobre a identidade.
TRADUÇÃO DA SÍNTESE DO ESTUDO "VIVENDO E APRENDENDO COM A NOVA MÍDIA"
Os sites de redes sociais, os jogos online, os sites de compartilhamento de
vídeo, os gadgets como os iPods e os telefones celulares são agora os
acessórios da cultura dos jovens. Eles estão tão impregnados a vida dos jovens
que é difícil acreditar que eles existem apenas uma década. Hoje, como também
foi o caso de ontem por seus antecessores, os jovens atingem a idade da luta
pela autonomia e identidade, mas eles fazem isso por meio de novos modos de
comunicação, novas formas de amizade, de jogar e de auto-expressão.
(...) O estudo foi motivado por duas questões principais da pesquisa: como as
novas mídias se integram nas práticas e nas agendas da juventude? E como estas
práticas os afetam na dinâmica das falas, das alfabetizações e da aprendizagem
e do conhecimento dos jovens?
A extensão de amizade e interesse
Os espaços online permitem que os jovens de se conectar com seus pares de novas
maneiras. A maioria dos jovens usa as redes on-line para estender suas relações
de amizade entre seus contextos familiares, da escola, das organizações religiosas,
esportivas e outras atividades locais. Eles podem estar sempre, em constante
contato o com seus amigos via SMS, mensagens instantâneas, telefone celular ou
ligação à Internet. Isto requer uma presença continuada e manutenção das
conversas através de comunicações privadas, como mensagens instantâneas ou
telefones celulares e através de comunicações públicas, como sites de redes
sociais como o MySpace ou Facebook. Com estas práticas conduzidas pela amizade,
os jovens estão em contato constante com pessoas que já sabem em sua vida real.
A maioria dos jovens usa a nova mídia para passar o tempo com seus amigos e
estender suas ligações de amizade desta forma.
Um número menor de jovens também usa suas conexões
para encontrar a informação ou para explorar os seus centros de interesses que
vão além do que eles têm acesso à escola ou o que eles encontram em sua
comunidade local. Grupos on-line permitem aos jovens de se conectar com colegas
que partilham interesses comuns, trata-se de jogos online, escrita criativa,
edição de vídeo ou outras atividades artísticas. Nessas redes motivadas por
interesse, os jovens encontram novos colegas fora de suas comunidades locais.
Eles também podem encontrar oportunidades para compartilhar e divulgar seu
trabalho online para aprender novas formas de visibilidade e reputação.
Auto-aprendizagem e aprendizagem entre pares
Quer seja nas atividades motivadas pela amizade ou de interesses, os jovens
criam e navegam entre as novas formas de expressão e novas regras de
comportamento social. Durante o processo, eles adquirem diversas formas
técnicas e habilidades em explorar novos interesses, mexer e brincar com novas
formas de mídia. Geralmente eles (jovens) começam com uma consulta no Google ou
se esconder em salas de chat para saber mais sobre o assunto que lhes
interessa. Por tentativa e erro, eles adicionam novas competências ao seu
repertório, como de saber criar um vídeo ou personalizar um jogo ou sua página
do MySpace. Os adolescentes compartilham seguidamente suas criações e recebem
os comentários de outras pessoas. Pelo seu imediatismo e magnitude do mundo
digital reduziu as barreiras para a aprendizagem autônoma.
Ao contrário da imagem clássica, "mexer" é um fato altamente social e
engajado, embora geralmente pouco compartilhada pelas amizades locais. Os
jovens utilizam a os conhecimentos especializados de ambos adultos e
adolescentes em todo o mundo, com o objetivo de melhorar suas habilidades e
ganhar a reputação de especialistas frente seus pares. O que torna esses grupos
únicos é que se os adultos estão envolvidos, sua idade não significa
automaticamente “expertise”. O mexer ou experimentar, em muitos aspectos, apaga
os marcadores tradicionais de status e autoridade.
As novas mídias permitem uma liberdade e uma autonomia que os jovens não
encontram nas salas de aula. Jovens respeitam uns aos outros quando interagem
on-line, e são mais dispostos a aprender com seus pares e adultos. Seus
esforços são aplicados principalmente para si mesmos, e os resultados aparecem
principalmente através da exploração, em contraste com a aprendizagem em sala
de aula que é orientada com metas e objetivos e bem definidos.
Implicações para educadores, pais e formuladores de políticas
As novas mídias mudaram a forma como os jovens socializam e aprendem. Isto
levanta uma série de perguntas que os educadores, pais e formuladores de
políticas devem considerar.
As mídias sociais e de entretenimento são utilizados
como locais de aprendizagem. Contrariamente à percepção dos adultos, enquanto
se diverte na internet, os jovens aprendem habilidades sociais básicas e
tecnologia de que necessitam para participar plenamente na sociedade
contemporânea. Erguer barreiras à participação é privar os jovens do acesso a
estas formas de aprendizagem. A participação na era digital significa mais do
que ser capaz de acessar informação e cultura "séria". Os jovens se
beneficiariam mais de educadores mais abertos às formas de experimentação e
exploração social que geralmente não são característicos de instituições de
ensino.
Reconhecer as distinções importantes na cultura e alfabetização da juventude
As participações on-line baseado na amizade e centradas em interesses têm
muitas conotações sociais. Por exemplo, enquanto as atividades realizadas pela
amizade estão centradas em uma cultura de grupo, a participação do adulto é
mais bem acolhida em formas de aprendizagem entretenimento. Além disso, o
conteúdo, os modos de retransmitir e as habilidades que valorizam os jovens
variam de acordo com os tipos de grupos sociais que lhes estão associados. A
diversidade dessas formas de alfabetização digital significa que é difícil
desenvolver um conjunto de pontos de referência para medir os níveis de
habilidades e técnicas da alfabetização nas novas mídias.
Capitalizar sobre a aprendizagem entre pares
Utilizando as novas mídias, os jovens muitas vezes aprendem com seus pares, em
vez de professores ou adultos. As noções de autoridade e expertise estão
abertas. Esse aprendizado, fundamentalmente diferente do ensino tradicional,
muitas vezes é visto negativamente pelos adultos como uma "pressão
social". Contudo, os adultos ainda podem ter grande influência no
estabelecimento de metas de aprendizagem, especialmente para a exploração de
centros de interesses, onde os adultos mantiveram um modelo e até mais
experiências.
Um novo papel para a educação?
As formas de participação dos jovens neste mundo conectado sugerem novas
maneiras de pensar sobre o papel da educação. O que realmente significa
explorar os potenciais das possibilidades de aprendizagem oferecido pelos
recursos on-line e redes? Ao invés de supor que a educação é usada
principalmente para preparar os jovens para as suas futuras carreiras, pode-se
pensar nisso como um processo para orientar a participação dos jovens na vida pública
de maneira geral? (...)
Os jovens são realmente os "nativos digitais"?
Podemos falar de "nativos digitais" para descrever esses jovens
nascidos com as tecnologias digitais? Interroga novamente Henry Jenkins. O
termo usado para enfatizar a forte relação que os jovens têm com a tecnologia,
diz Rebecca Herr Stephenson do Instituto de Ciências Humanas da Universidade da
Califórnia, "mas a maioria dos alunos que observei e entrevistei não têm
necessariamente um computador, equipamentos de acesso à Internet ou vídeos
disponíveis em todos os momentos". No entanto, eles frequentemente usam
sua criatividade e a tecnologia para encontrar informações, expressar ou se
comunicar com amigos, como aqueles que convertem uma câmera digital em leitor
mp3. A vantagem do termo "nativos digitais", diz Danah Boyd, apesar
de ambígua, é que promove o envolvimento dos adolescentes com as mídias
digitais e mostra que eles não são mudos ou incapazes. No entanto, por
"reforçar as distinções entre as gerações, reforçamos a segregação
endêmica com base na idade que atormenta nossa sociedade. Muitos dos problemas
sociais e cívicos existentes resultam da forma como separaram as pessoas (em
particular) em função da idade".
Os pais muitas vezes querem estruturar o tempo passado on-line de seus filhos.
Mas, como mostram alguns resultados do estudo, as experiências mais produtivas,
muitas vezes surgem quando os jovens usam computadores de maneira não
estruturada, quando eles passam um bom tempo ou navegam aleatoriamente. "É
importante notar que o engajamento produtivo não é só para a aprendizagem
tradicional ou de alfabetização técnica", disse Danah Boyd. "Como
sociedade, nós nunca passamos muito tempo examinando a maneira como os jovens
aprendem a ser socialmente competentes, como eles aprendem a dar sentido as
normas culturais e desenvolver contratos sociais, ou como eles aprendem para
ler as reações dos outros e agir em conformidade. Esperamos que os jovens sejam
educados e tolerantes, que respeitem os sentimentos dos outros e se comportem
adequadamente em diferentes situações. É tudo o que os ensinamos. E não se
aprende apenas dizendo-lhes como se comportar. Eles precisam de experiência
social, interagir com os pares, a cometer erros e ajustar o seu comportamento.
(.. .) Mesmo práticas humilhantes ou degradantes de alguns sites online são
extremamente produtivas”.
No entanto, os autores do estudo não possuem um fascinante olhar para a
contribuição da tecnologia para esta geração. Nem por isto, eles assassinam
esses nativos digitais, ao contrário do que qualifica Mark Bauerlein, autor de The
Dumbest Generation (A Geração mais Idiota ). "Para muitos jovens,
incluindo alguns daqueles que entrevistamos e observamos no Projeto Juventude
Digital, a Internet é uma grande onda de jogos envolto em banners, sites cheio
de informações imprecisas e empresas olhando para ganhar dinheiro as custas dos
jovens", disse Rebecca Herr. "No entanto, ao contrário de Bauerlein,
eu não acho que a culpa seja das crianças. Eu acho que é culpa nossa, porque os
adultos (pais, educadores, políticos, mídia...) não se esforçam para
compreender a Internet em termos de juventude, e aprender a avaliar o que eles
encontram online”. A crítica de Bauerlein não é nova e pode ser ouvida com
frequência nas palavras dos pais e professores quando eles falam sobre como
escrever mensagens de texto ou quando eles lamentam as atividades que os jovens
abandonam a favor de jogos de vídeo ou navegar na web. "É tentador culpar
os meios de comunicação e novas tecnologias para explicar os problemas
culturais e sociais enfrentados", disse Mimi Ito. “Mas a pesquisa mostrou
que as coisas são muito mais complexas do que isso, e usar a mídia como um bode
expiatório obscurece algumas consequências importantes por trás dele. A nova
tecnologia cresce para fora de nossos padrões e práticas. O fato de que muitos
jovens não fazem parte do tipo de cultura que Bauerlein descreve não é um
problema causado não apenas pela tecnologia, mas é muito mais enraizado nas
diferenças sociais existentes e culturais. Se os jovens fazem coisas on-line
que parecem improdutivas ou problemáticas, não achamos que a resposta seja
proibir a sua mídia. Pelo contrário. Acreditamos que é importante olhar e
tentar transformar os problemas sociais subjacentes que é a comercialização de
espaço on-line, a falta de vínculos entre crianças e professores, ou o fato de
que o conhecimento teórico não parece relevante para muitas crianças”.
A participação dos jovens não é uniforme: É possível que ela disfarce as
divisões sociais, culturais e econômicos da sociedade? Qual o papel das
diferenças de classes sociais no uso destas plataformas pelos jovens?
À medida que mais e mais jovens de todas as classes sociais nos Estados Unidos
têm a sorte de ter acesso a essas novas mídias, é claro que a natureza e a
qualidade de acesso ainda é muito variável, explica Lisa Tripp , professora de
comunicação na Faculdade de Informação da Florida State University. Muitos
jovens das classes pobres e trabalhadoras só contam com as escolas para acessar
a Internet e as ferramentas de produção digital. Permanecer somente na escola o
uso destes meios de comunicação não é o mesmo: muitas vezes é conduzido pelo
professor e, muitas vezes excluídos do acesso a sites de redes sociais,
mensagens instantâneas e ferramentas utilizadas pelas gerações mais jovens.
"Para eles, pode ser um desafio encontrar o tempo, lugar e os recursos
para a experiência mais aberta à mídia e se engajar em práticas que a juventude
considera mais significativa..." . Além disso, entre os mais pobres, as
práticas sociais relacionadas com o computador são menos aceitas pelas
famílias, que desejam o uso do computador por seus filhos de forma tão
eficiente quanto possível.
Por que as atividades dos mais novos transcorrem online?
O estudo insiste longamente sobre o fato de que os jovens usam as novas mídias
para fazer coisas que antes eram off-line. "Por que as atividades dos mais
jovens transcorrem online?" Henry Jenkins pergunta novamente. "As
práticas são as mesmas, mas são reformulados em novas formas", diz Christo
Sims. "Quando se trata de paquera, a principal vantagem de fazer on-line é
que todo o processo pode ser um tanto mais controlado e, aparentemente, mais
casual. As trocas assíncronas oferecem mais tempo para compor. Além disso, há
menos coisas para gerenciar comparado ao telefone ou a interação face a face: o
tom da postura, voz e muitos outros signos não-verbais não têm de ser geridos.
Além disso, cada e-mail é, pelo menos num primeiro momento, muito breve e de
pouca conseqüência: uma pequena mensagem "não é uma grande coisa". Um
padrão de comportamento que o pesquisador chama de “casualmente composto."
"Outra vantagem de flertar on-line é que ele não tem que lidar com um
grupo de pares". Na escola a interação entre meninos e meninas é muitas
vezes em grupos e rapidamente conhecidas. Se a Internet sabe ampliar este
sentimento de agir em público, ele também pode oferecer métodos de comunicações
privadas. Finalmente, os conflitos e recusas são mais fáceis de gerenciar
on-line: simplesmente não responder a uma mensagem, deletar um pretendente.
Esta estratégia passiva também permite que a pessoa recuse a salvar a face,
porque ele nunca oficialmente recusou: a conversa apenas parou.
Deve ser entendido que, se as relações com as redes oferecem novas
oportunidades para a interação social, elas tomam o lugar das liberdades que
tenham sido confiscadas, denuncia Danah Boyd.
Quando perguntado se os adolescentes preferem
socializar online ou off-line, eles dizem que sempre preferem relações face a
face. "No entanto, para muitos jovens, essas interações são freqüentemente
irrealistas." As razões são variadas: alguns adolescentes têm dificuldades
de deslocamento para encontrar os seus amigos, outros não têm tempo, porque
suas vidas são altamente estruturadas pelas atividades. Autoridade parental e
práticas sociais limitam muitos encontros entre eles. “Ainda que estejam muitas
vezes juntos, afinal, os jovens têm poucas oportunidades para se encontrar com
amigos, e menos ainda com os seus pares. Os sites sociais e outras redes
públicas permitem aos jovens se reunir de novas formas, de forma assíncrona e
em diferentes espaços físicos”.
Extraído: http://www.leituracritica.com.br/rev11/evid/evid12.htm